OS PORTUGUESES (1)

23.5.14
[morada d´os portugueses]
Emérito - Em Braga um homem chegou aos 91 anos e morreu. Dois dias mais tarde haveria um caixão com o cadáver, pousado nas lajes da Sé. Rezar-se-ia uma missa, escutar-se-ia o coro, divino, e uma homilia a louvar o morto. Arcebispos e civis juntaram-se em grande número no enterro. Talvez fossem duas horas mais tarde quando levaram dali o caixão e o puseram no lugar próprio dos homens da sua condição. Fim deste homem.
À mesma hora, mas do lado de fora da Sé de Braga, na rua Dom Paio Mendes, feirantes sem clientela e as suas barracas defendiam-se como podiam do dilúvio. Era suposto que um homem estivesse a ir para céu naquele momento, de acordo com as leis da igreja,  mas não era de esperar o que o céu em fins de maio mandasse tanta água embora. Por fim acabou uma coisa e outra, o funeral e a chuva. Manteve-se o preço das cerejas: três euros o quilo.

E por falar em cerejas … no carro, de regresso a Matosinhos, alguém com nome de campanha religiosa cantou qualquer coisa sobre olhos vermelhos.

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