A CASA

12.1.15
Do pequeno lanço de escadas, sentado no último de oito degraus, no mais alto, vejo o sol a navegar a tarde sobre uma vontade mar, lá ao fundo. É a porta do meu prédio. É o meu novo melhor lugar do mundo. Tenho lá ido com um livro, um café, um leitor de música (que por acaso existe no meu telefone) e as chaves do meu rés-do-chão.

Não sei se a música consegue acalmar o mundo. A mim consegue. descobri há dias, pouco depois de ter descoberto o poder curativo da minha escadaria, o disco Asleep Versions, do Jon Hopkins.



Chega a ser curiosa esta capa, com o seu fim  de dia igual ao meu, vermelho ao mar, e o homem branco a levitar, como eu, quando me sento em frente em frente ao sul e ao ocidente, eu, um livro, um cigarro, um café e mais ninguém, com a minha transfusão de música, que a faço a partir dos ouvidos, e a sinto nas veias, respiro melhor, escuto melhor, vejo melhor, observo, e deixo-me estar, até ao fim do café e mais além.

Não sei se os livros conseguem acalmar o mundo. A mim conseguem. Tenho "Os Factos" na mão. Estou a conhecer os pais do Philip Roth e o tio Bernie, estou na alvorada do livro, estou a percorrer a judiaria onde ele cresceu. E estou por aqui a manter um diário que não vai ter os dias todos, a contraria uma aversão antiga que é o desgosto de escrever na primeira pessoa do singular.

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