muito rapidamente...

21.12.20

1 - O café. Ocupamos o balcão vazio do café. Havia pessoas em todas as mesas exteriores, à excepção de uma, assim como em todas as mesas interiores, à excepção de outra, mas pediram para não nos sentarmos lá. 


2 - A viagem do microfone. 

O microfone atrasou-se. A chuva atrasou-o, dois condutores atrasaram-no, um acidente atrasou uma pequena parte do mundo, a parte entre Matosinhos e Braga. O universo e os problemas das suas vírgulas ao volante. 


3 - Deram-nos quinhentos metros para correr na zona industrial de Canelas, uma zona de passeios apertados, repleta de carros estacionados e de carros dispostos a estacionar, visitada regularmente, a todas as horas, por camiões de grande porte, e nós, os primeiros a concluir a tarefa, corremos os quinhentos metros em dois minutos. O homem é um animal lento. 

Para além dos quinhentos metros também nos tinham dado cinco minutos para os concluir. Engatámos, nos três minutos de descanso, alcançados pela nossa velocidade, outros cinco minutos para setenta e cinco repetições de um exercício chamado power snatch  (aqui a missão ficou aquém do desafio, com apenas cinquenta e cinco repetições). Mas não foram necessários todos os cinco minutos da última proposta. Deu, com maior ou menor esforço (maior), para fazer os cinquenta burpees em quatro minutos e trinta segundos.



retrovisor

8.12.20

A história da farmácia, que já tem algum tempo, repetiu-se durante várias deslocações, separada por intervalos de tempo consideráveis, e tendo como epílogo, invariavelmente, o fracasso de uma intenção (no caso em apreço, o simples acto de aviar uma receita médica). Na altura foram falhas importantíssimas - e com certeza o foram - porque os remédios eram mesmo necessários, mas, em retrospectiva, essa importância toda encolhe-se, reduz-se, porque, e por exemplo, não me recordo do nome de nenhum medicamento, em falta ou prontamente aviado. O conceito de importância tem ramificações diversas, completares ou ímpares, e uma delas é o tempo.



Novembro

8.12.20

Novembro foi, há seis ou sete anos, um livro sem fim à vista. Corria uma quantidade incontrolável de ilusão nas veias. Todos os dias usavam raios de sol e falavam com entusiasmo sobre qualquer assunto: de pneus de bicicleta, do reflexo das manhãs na chávena de café, do tamanho desmesurado do optimismo (sem medir consequências).

a notícia da morte de jan Morris

8.12.20

O obituário de Jan Morris ocupa uma página inteira do Times e três quartos de outra. Na primeira confluem como habitualmente texto e fotografias, um casal tão habituado à sua vida conjugal que por vezes nem se fala. Não é caso. Uma Jan Morris mais próxima da idade da sua morte domina a paginação, antecedida por uma de menores dimensões que data de uma das suas primeira aparições públicas depois da cirurgia efectuada em Marrocos para a mudança sexo, decorria o ano de 1972. A última imagem é do tempo de James Morris, retrata o grande furo jornalístico da sua carreira, publicado em 1953 na manhã da coroação da rainha Isabel II, em 1952. James acompanhou Edmund Hillary e Sherpa Tenzig Norgay, na primeira vez em que o homem conquistou o Everest.  O El País titula, a propósito dela: “Morre aos 94 anos Jan Morris, a viajante que chegou até ela própria”.

árvores de Portugal

8.12.20

E hoje é hoje, está no começo, a ver vamos. 

A árvore portuguesa de 2021 é o plátano do Rossio de Portalegre, uma árvore com 182 anos e que vai representar Portugal no concurso “Árvore Europeia do Ano 2021”. A notícia ocupa a totalidade da página 34 do jornal Público de hoje., 27 de novembro de 2020. Escreveu-se que o plátano, plantado em 1838, guarda muitas memórias da cidade. José Maria Grande, médico e botânico, plantou-o. Um dos clubes de Portalegre, o Sport Clube Estrela, foi fundado debaixo do plátano. Tem 23 metros de altura, sete de perímetro de tronco e 37 de diâmetro de copa. O tratamento e poda é efectuado por uma equipa da Fundação de Serralves. Sucede ao Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura (concelho de Palmela), eleito em 2018, e à Azinheira Secular do Monte do Barbeiro (concelho de Mértola), escolhida em 2019 e que fiquei em terceiro lugar do concurso europeu. A fasquia está elevada para o Plátano do Rossio de Portalegre.

verlaine e Gainsbourg

8.12.20

Un jour n´importe quand, Verlaine escreveu antes de tudo, a música. E se a memória estiver realmente alinhada com o tempo, num outro dia qualquer Gainsbourg escreveu numa canção o nome de Verlaine e cantou-a. Isto no fundo é uma cenoura. Motivação versus inércia.

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