23 graus no bolso dos calções

16.8.12
Não tendo nada em comum, as cubas de vinho do Peso da Régua, obviamente sem portas, janelas ou telhado, fazem lembrar o casario de Santorini. Deve ser do branco
cal e das encostas onde as puseram.
Estas cubas levaram com um parque de estacionamento em cima. O parque é para dar vazão à clientela de um hipermercado, que se não rolou pelos montes, nem chegou pelo rio, saiu das cabeças metropolitanas e espetou-se nos chãos onde nasce o vinho, com vantagens e desvantagens, tendo para o caso valido a pena por isto: a secção dos livros dá descontos de dez por cento; um espião perfeito estava dois euros mais em conta, mas como tinha umas amolgadelas foi trocado pelo livro que estava em baixo; o volume, esquecido no fundo da estante, ainda tinha o preço da feira do livro e custava quinze euros; numa manobra de espionagem, ficaram mais mil escudos no bolso; muito longe do frio, o Douro brilha aos trinta graus da Régua; no bolso dos calções, ao lado dos mil escudos, o telefone marca 23 graus; telefone não é termómetro; ao longe os socalcos já não parecem as cascatas onde moram os gregos felizes.

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