um português ( e o irmão mais novo)

22.9.12
Em Setembro a zona baixa de Santa Maria da Feira regressa ao presente. O sonho medieval foi embora com Agosto, o verão chega hoje ao fim e muito provavelmente o orvalho desta manhã confundiu-se com as lágrimas de folhas e ramos, despedindo-se umas das outras, até para o ano. Antes que caiam, continuam a pintar de verde durante mais alguns dias o cerco ao castelo, a serpentina que a estrada faz até ele.
Um morador do lugar de Fornos, sítio escondido, vem ao castelo para encaminhar as visitas como dever ser para a freguesia, que é uma ripa de três quilómetros no mapa do município. As visitam não perdem de vista o carro dele, como quem vai atrás de uma história, curva contra curva, chegando ao destino onde dois irmãos enchem as mochilas com uma tenda, dois sacos-cama, roupas, um trem de cozinha acanhado, um pequeno computador portátil branco, duas botijinhas de gás. Um dos irmãos é o morador que subiu ao castelo para ver chegar as visitas. O mais novo está à procura de emprego.
A necessidade de um e urgência do outro pelas viagens sai para a estrada num sábado pela tardinha. Há-de ligar Portugal qualquer coisa como de Melgaço a Faro. Mil e duzentos quilómetros com ziguezagues. Sem gasolina, sem motor e sem rodas. Sem transportes públicos, sem boleias, a pé por Portugal. A frase ai a minha vida andar para trás não cabe na mochila.
Três meses passam a correr? Neste particular atrevimento de dois rapazes, por acaso não.

Sem comentários:

Enviar um comentário

AddThis