FOTOGRAFIAS NOVAS

19.12.13
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Appelbaum parou um rio. Suspendeu no ar meia dúzia de folhas castanhas. As folhas são leves e isso até um homem frágil consegue fazer. Extraordinário é um homem sem músculos ter mais força do que um caudal. Appelbaum teve. Parou um rio com a ponta do dedo indicador. Um homem com um telefone nas mãos pode mudar o mundo e mandar mensagens à natureza, cuidado mãe, cresci para ti.
A força entusiasma.  O entusiasmo apressa os tempos. A fotografia saiu desfocada. Appelbaum voltou a tocar no ecrã, na segunda vez experimentou com o anelar, como se sabe o mais fraco dos dedos, capaz de casar, de fazer alianças e de desistir de tudo só por estar farto.  Certos dedos e certas pessoas não gostam de repetições. Isso é mau, porque o calendário manda os dias acontecerem uns a seguir aos outros.
Appelbaum voltou a parar um rio, suspendeu outro bando de folhas no ar. Não mexeu nas árvores. As árvores não vão a lado nenhum.

Feliz com o resultado da imagem, beijou o ecrã do telefone. Com os lábios descobriu um botão mágico, capaz de tirar as cores à fotografia. Para além de ter parado um rio, suspendido as folhas, ignorado o porte das árvores, Appelbaum  retratou Lipstadt a preto e branco, que é a melhor maneira de mandar calar as cores. 

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