COHEN

15.1.15
Será  melhor de fazer, o caminho, quanto melhor compreender o jogo de crianças que um homem de oitenta anos faz com o tempo que lhe resta e se predispõe a deixar ficar três horas para trás dentro de um disco, depois de ter subido a um palco, descido de um avião, sabendo eu que estou a falar de um homem difícil de esconder nas ruas por causa da voz que ele tem, depois de ter perdido o recato que idade aconselha, uma de duas coisas aconteceram, a urgência tardia de uma sala cheia ou saudades de dinheiro novo.
Um dia, quando eu for de mais perto do fim (como se daí não fosse todos os dias), hei-de perceber de outra maneira a necessidade que a voz tem de se fazer repetir, com as mesmas palavras solitárias e alguns acordes em noite de estreia.
E todos nós, que vivemos nesta linha absurda. Nesta, na próxima: queremos viver muito tempo, mas não queremos envelhecer.  Eu quero. Quero envelhecer muito. E andar neste palco, na vida, como as violas andam e os pianos dizem. Os dados estão lançados.


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