Algumas anotações corporais:

15.10.19
a) dores expansivas na planta dos pés. Afinal prolongam-se. Após uma conclusão inicial e errónea, percebo, sobem pelo lado interior, dão a volta ao osso do dedo maior, parecido com um pequeno tornozelo, já agora, e descem pela beira dos dedos, espalham a dor a descer, é tudo muito rápido, conseguem ver melhor o que estou a dizer se conseguirem recordar qualquer excerto de filme com montanhas russas, percebemos melhor o que queremos dizer ao dizermos descer, pois então a dor empola e expira, como um pulmão a pulmonar, talvez mais forte, como se batessem dois corações nos pés, e doem; b) as pálpebras não se aguentam em pé, a retina a esta hora é feita de vidro laminado, e o vidro nunca se deu muito bem com a pele, o vidro nunca se deu muito bem com ninguém durante séculos, tirando as janelas, mas com tempo aprendeu a fazer garrafas e a ajudar automóveis e telefones, mas o problemas do vidro é que o vidro é de vidro e parte, tirando isso nada contra ele e até muito obrigado por tudo, mesmo se me risca a pele das pálpebras; c) o invisível crescimento dos pelos das pernas voltou a aparecer, vejo pequenos riscos negros, chuva miúda de uma banda desenhada, um pouco por toda a parte e tento compreender se o invisível crescimento da relva do jardim é comparável, tento no fundo perceber qual dos dois tem maior velocidade de ponta, mas depois penso melhor, sinto que levei o meu tempo livre a um stand de automóveis e saio dali a todo o gás, quando digo dali, digo daquele pensamento; d) um ligeiro formigueiro na barriga das pernas, mas nada de significativo; e) procuro cafeína para relacionamento breve.

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